sábado, 20 de agosto de 2011


Não, não sinto sua falta. Nem ao menos por um segundo, nem quando as noites tornam-se gélidas e os corações parecem ainda mais vazios. Nem quando o tempo não passa, quando viver não tem graça, quando sonhar é exigir demais.
 Não sinto falta de mim, não sinto falta de ti. Sinto falta de nós. De quem fomos, de quem desejamos ser.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011


Tenho tido esses lapsos já faz um tempo. Essas partes de uma noite que não sei ao certo se vivi ou se sonhei, que vem e voltam como se eu lesse folhas soltas de um livro. Tenho visto esses olhos, olhos que lembram rostos que nunca vi. Tenho encontrado com bocas, bocas que lembram lábios dos quais o gosto nunca senti. Tenho conhecido pessoas, pessoas que lembram sentimentos que nunca entendi.
Tenho visto cachos, pintas, unhas, mãos, braços, coxas, pés, barriga e seios que formam um corpo que nunca conheci, uma cena que nunca vivi. Tenho encontrado com ela em alguns bares, bares que nunca visitei, garota que nunca antes avistei. Tenho sentido falta dela, sendo que nem ao menos sei quem é ela, sendo que nem ao menos sei se eu deveria saber.

sábado, 13 de agosto de 2011


Às vezes, quando os dias recusam-se a terminar antes da hora, tenho a impressão de que posso sentir seu gosto de canela e café dançando sobre meus lábios. Às vezes, quando as manhãs começam antes do tempo, posso sentir seu aroma de biscoitos de gengibre invadir minhas narinas. Às vezes, quando o tempo parece deixar-me para trás, lembro-me vagamente de você, de sua pele fria, de sua boca gelada, de sua nuca úmida, de seus cabelos longos e ruivos voando com o vento vindo da sacada. Às vezes, quando esqueço de você, lembro de mim.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa... de encanto... de medo...

Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance...
Pobre vida... passou sem enredo...
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance...
Ai de mim... Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso... de um gesto... um olhar..."

Mario Quintana