terça-feira, 26 de abril de 2011

Deitada, sob a luz calma do abajur de meu quarto, podia escutar com precisão o bater leve de seu coração e observar, em meio a penumbra, as curvas suaves de seu pequeno corpo. Sentia, como quem sente a primeira brisa do verão, sua respiração passar por meu rosto, dançando em meus cabelos.
Tudo o que penso em dizer é tão clichê, tão tudo aquilo que penso sentir e não sinto. E eu não quero dizer que amo você, não quero que você pense que só penso em você ou que largaria qualquer coisa pra tê-la por perto. Porque, querida, eu não sou assim.
Eu não a amo o tempo todo, não faria nada para tê-la ao meu lado, tampouco a quero ao meu lado. Mas, quando lentamente meus olhos fecham-se, quando sinto-me sozinha na escuridão de meu quarto, é em você que eu penso. São seus olhos que lembro de estarem tão próximos aos meus. São seus lábios que arrependo-me de não ter beijado. São suas mãos que meus dedos sofrem por não terem agarrado.
E quando penso em algo que me faça sorrir é em sua risada infantil que penso, em suas manias esquisitas, na maneira como anda e como erra algumas palavras quando fala com pressa. Quando sinto-me estranha lembro que isso tudo não sou só eu, somos nós, duas estranhas perdidas em eternos vazios.

sábado, 23 de abril de 2011

E quando penso que poderíamos ser algo além do que somos, que poderíamos ser tudo isso que somos dentro de mim, percebo que a amo muito mais do que a realidade permitiria que amasse.