quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

"Só Sei Dançar Com Você"



Sob as luzes fracas que invadem o cômodo pela vidraça, encontro com seu rosto no travesseiro ao lado.  Entre os sons abafados vindos da rua e a melodia que parece flutuar do rádio para contornar nossas silhuetas e compassar nossas respirações, desejo mais do que nunca que meus olhos possam tornar-se parte dos seus, que minha pele possa gentilmente bordar-se a sua.
A cada toque uma pequena peça parece encontrar seu espaço no quebra-cabeça que passei a vida inteira tentando montar. A cada beijo roubado um impulso de abraçá-la e implorar que não deixe que o tempo nos atinja, que me ajude a construir ao redor de nossa eternidade um forte de travesseiros, com dragões e cavaleiros de armadura.
Repito em voz baixa que não aceito que mude. Não aceito que exista outra realidade em que sejam outros braços a me aninhar, em que meus cachos existam para algo além de seus dedos, em que meus ouvidos esperem mais do que seus sussurros, em que meus lábios não se façam destino de seus beijos.
Repito, esperando que o ritmo torne-se uma barreira para o tempo, que me nego a aceitar que algum dia suas pernas já não se estrelassem as minhas, que nossas mãos já não se encontrem, que nossos passos descompassem, que existam canções de amor que não falem de nós.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

"Talvez eu seja pequena,
Lhe cause tanto problema
Que já não lhe cabe me cuidar,
Talvez eu deva ser forte,
Pedir ao mar
Por mais sorte
E aprender a navegar."

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Taste your lips and feel your skin.
When the time comes, baby don't run, just kiss me slowly.

terça-feira, 18 de setembro de 2012



Seus braços pequenos e macios contornavam minha cintura, e sua boca, em seu vermelho calmo e doce, gentilmente trazia seu hálito até meu pescoço. Suas pernas entrelaçadas as minhas, escapando da coberta que preguiçosamente contornava as curvas suaves de seu corpo.
Dançava com a ponta morna de meus dedos por suas coxas frias, como se registrando em sua pele, as notas musicais daquela canção que só a gente ouve. Sentindo à meia-luz aquele calor sereno de olhos cuidando de você, aquele ritmo lento, ainda que transtornado, que os corações ganham quando encontram um par pra valsar.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

terça-feira, 21 de agosto de 2012


Encontrava-me outra vez entre a densa névoa do pântano, tateando com cuidado os troncos úmidos das árvores. A água fria atingia meus joelhos, e a cada instante meus passos pareciam pesar mais. Senti, de repente, dedos macios agarrando meus tornozelos por debaixo d’água, e bruscamente fui puxada. Estiquei os braços em busca de algo que me segurasse, que me impedisse de afundar. Mas não havia nada, não havia ninguém. Minha boca e nariz enchiam-se de água, e minhas pernas inutilmente lutavam para voltar.
E então eu abri os olhos. Lá estava ela, encolhida ao meu lado na cama. Seus lábios entreabertos, sua respiração irregular, seus cabelos castanhos caindo sobre seus olhos, a pele macia e pálida de seu pescoço, sua mão direita, tão pequena com suas covinhas, gentilmente ao lado de seu rosto. Linda, com finos raios de sol dançando em suas bochechas.
E facilmente já não lembrava de ter algum dia afundando, de ter por algum momento estado perdida no pântano. Já não entendia de solidão, de lençóis que vestem um único perfume, de não ser encantada a cada despertar. Só sabia de estar ali, com seu braço direito sobre minha cintura, tendo em meu rosto estampado o sorriso mais doce.


domingo, 5 de agosto de 2012

Encontre-me na mesma velha mesa, daquele pequeno café no centro da cidade. Encontre-me entre folhas amassadas e amareladas, entre meus livros mofados e meus chás amargos, entre palavras que transbordam e borboletas que não permito que escapem de mim.
E então diga-me o que fazer, diga-me para onde fugir, diga-me quem sou pra ti. Conte-me sobre mim, sobre nós, sobre nossos nós e meus desenlaces.
Deixe-me esconder em você - de você - essas partes, essas falhas. Deixe-me perdida em sua pele, diluída em seu aroma. Deixe que eu me desencontre, mas por favor, me encontre no antigo café da cidade.

domingo, 15 de julho de 2012

Contorno, com a ponta fria dos dedos, cada pequeno detalhe, cada traço de seu rosto, tentando guardar cada textura, cada curva e cada temperatura. Desejando uma memória perfeita e detalhada de ti, para trazer comigo quando não mais quiseres lembrar de mim.
E de repente já não te encontro, já não sei mais por onde começar a te procurar. E de repente já não entendo, já não sei se algum dia fui para ti tudo aquilo que és para mim. E de repente já não sei o que é real e o que desejei que fosse. E de repente já não me notas, já não deixo espaços, parto sem fazer falta, sem dizer adeus. E de repente volto a ser solidão, a ser vazio, a ser medo, a ser "se" e não "é", a ser o que poderia ter sido, o que gostaria que fosse e se foi.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Se eu me perder?
Você me procura?
 Se eu empacar?
Você me arrasta?
 Se eu desanimar?
Você me desperta?
Se eu me dominar?
Você me resgata?

domingo, 1 de julho de 2012

And I wish I could lay down beside you
When the day is done
And wake up to your face under the morning sun
Encolhe-se outra vez entre os cobertores, mas dessa vez sem desejar desaparecer, sem o desespero de não saber o que fazer. Não é que ela tenha aprendido a lidar com suas pequenas dores e seus grandes vazios, ela apenas sente como se estivesse longe de si. Como se estivesse perdida nessa eterna espera pelo hoje que a roubará beijos, que a tirará o fôlego, que deixará sua garganta seca, seus joelhos inquietos, seu estômago tomado por borboletas. Pelo hoje que irá sorrir ao lado de seu rosto, dançando os dedos por sua pele, deixando melodias soarem por todo seu corpo.
E ela se esconde, fingindo selar-se em um envelope, desejando poder enviar-se depressa para o dia depois de todos esses amanhãs.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Com seu sorriso em meu ombro, seu cabelo em meu rosto, seus braços me aninnhando, parece tão natural não estar quebrada, não me desesperar e construir destroços para escapar de mim.
Com seu gosto em minha boca, suas marcas em minha pele, seu cheiro em minhas roupas, se desfazem minhas inexistências, meus vazios e meus esconderijos. E eu já não me importo mais, já não vejo mais, aquilo que por tanto tempo foi tudo que me permiti ver.
Com sua voz ainda soando no ar, com seus olhos em frente aos meus, com meus dedos dançando por seus traços, parece não haver mais abismos, peças quebradas, inseguranças e desejos de desaparecer. Só consigo sentir que entre seus braços encontrei meu melhor abrigo, encontrei toda calma e beleza, toda força e certeza que nunca imaginei um dia ter.

terça-feira, 12 de junho de 2012

"Quero me derreter dentro dela, como manteiga numa torrada. Quero absorvê-la e andar por aí pelo resto dos meus dias com ela incrustada em minha pele."
Água para Elefantes

domingo, 10 de junho de 2012

Esse frio na barriga a cada virar de esquina, a cada telefone que toca, a cada passo desconhecido, a cada segundo que passa. Essas melodias que me domam, que me levam pra longe de mim, pra perto de nós. Essas palavras que se inozam em meus dedos, que se recusam a desabitar meu corpo, que me recuso a permitir que o deixem.
Essa pressa em dizer tudo, em transparecer em ti. Essa impaciência por desconhecer, por não conseguir retratar a arritmia, a insônia, os arrepios, e a própria pressa de tê-la em meus braços outra vez. Essa ira por não encontrar em mim algo que descreva a maneira doce com que meus olhos enxergam você.

sábado, 9 de junho de 2012

Abraçá-la e sentir que, nesse espaço estreito entre meus braços, guardo tudo.  Beijá-la e desejar que seu gosto prenda em mim. Respirá-la, tentando conservar o aroma de sua pele, o perfume de seus cabelos. E querer que não tenha fim, que sempre seja nós, que sempre exista essa doce arritmia a me guiar.

terça-feira, 29 de maio de 2012

E assim, entre almofadas e xícaras, nossas respirações se encontram, nossos dedos se entrelaçam, nossos sonhos se inventam.
E assim, entre semáforos, buzinas e letreiros luminosos, seu riso ritma junto ao meu, meus braços contornam seu ombro, seu olhar encontra e desencontra com o meu.
E assim, entre folhas em branco, entre textos que iniciam sem nunca chegarem ao fim, minha pele arrepia, minhas maças do rosto coram, meus joelhos tremem, meu pulso para e descompassa, e eu perco o foco.