Talvez fosse apenas as luzes de natal, o som calmo dos embrulhos sendo rasgados e amassados. Talvez fosse o encanto dos brinquedos novos, das bonecas presas em caixas, das histórias esperando para serem criadas. Talvez fosse apenas minha pressa de criança encontrando com sua calma de quem cresceu rápido demais.
Talvez fosse o aroma de biscoitos no forno, os encontros no fim de tarde, os vestidos pendurados no varal. Talvez fosse teu medo do escuro, teu cheiro de cloro e protetor solar. O fato é que, naquele verão, há seis anos, te dei meu coração jovem e intacto. Não como se eu o embrulhasse com laços de fita e o entregasse na noite de natal, mas sim como se você fosse o possuindo, pouco a pouco, a cada pequeno minuto dos dias que passei com você.