quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A lata de café está vazia. A água da chaleira está fria. As louças estão espalhadas pelos cômodos. Roupas e cobertores diluem-se a tapetes e almofadas pelos corredores e quartos. Os espelhos estão embaçados, os lençóis estão manchados, as peças dos pijamas separaram-se de seus pares. Os armários estão bagunçados, os livros estão fora de ordem e os discos foram espalhados pelo chão.
O tabuleiro de xadrez está na pia, o gato aninha-se na mesa da cozinha e a torneira do banheiro continua a gotejar. A banheira transborda espuma, as portas batem sozinhas e as sirenes disparam pelas ruas. A televisão repete o mesmo comercial, o passarinho canta na sacada a mesma velha melodia, o cachorro arranha o sofá. E nada disso importa. E nada disso incomoda. Só consigo saber de ti, de suas mãos em minhas mãos, de sua boca em minha boca, de seus fios de cabelo entre meus dedos e sua pele sob meus lábios. Só consigo ver a ti, encolhida ao meu lado, entre o piano e a mesa de jantar.

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