quinta-feira, 15 de março de 2012

Apago as luzes. Entreabro a janela. Arrasto os móveis, escondo os tapetes.
Preciso de ar. Preciso de espaço.
Fecho meus olhos. Escancaro meu peito.
Passeio os dedos pela cama desfeita, pelas prateleiras empoeiradas, pelo assoalho frio, pela porta trancada.
Passeio os dedos por meus cachos, minhas coxas, ombros, seios e braços. 

Passeio os dedos por sua eterna ausência, por seus lábios que próximos aos meus desejo ter.
Passeio por sua voz rouca dançando em minha orelha, por seus fios negros encontrando sua pele pálida, por sua boca macia e seu gosto amargo.
Passeio por nossos cinzeiros, nossos cafés e livros.
Passeio por nossos poucos passos, por todos nossos descompassos.

Passeio por nossas respirações irregulares, nossas banheiras que transbordam, nosso amor que nem a gente alcança.

Um comentário: