Traços da lua, sem sequer pedir licença, atravessam a vidraça
e tiram nossos corpos pra brincar. Dançam por sua pele, vestindo de claridade a
nudez de seu torso. Contornam delicadamente o perfeito desenho de seu ventre e
seios, de suas finas coxas, das macias mechas negras que gracejam em seus
ombros e pescoço.
Valsam pelas maçãs de seu rosto, beijando-lhe as têmporas, acariciando-lhe
a boca macia, os olhos grandes com seu olhar febril de quem cria infinitos
particulares e neles deixa que transborde o amar.
A lua festeja por seus braços pequenos, pela doce fortaleza
de suas mãos presas as minhas.
E a cada toque nosso, seus feixes se perdem sem saber quem é
quem: desenhando na escuridão dois corpos como sendo um só.
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